quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Contando a história

Abaixo, um vídeo que conta a história do jornal impresso na Bahia e sua evolução:

RETROSPECTIVA

A 14 de maio de 1811, (no governo do Conde dos Arcos, D. Marcos de Noronha e Brito), o português, aqui radica do, Manoel Antônio da Silva Serva, dava a lume  “ Idade de Ouro do Brasil” , circulava o jornal duas vezes por semana, as terças e sextas- feiras, dando número extraordinário quanto a abundância de matéria assim o determinava, seu acréscimo do preço para os assinantes, que pagaram para a sua subscrição até 31 de dezembro de 1811, a quantia de 8 $000. O número avulso era vendido inicialmente por 60 réis, passando a 80 réis pouco depois. Dentre outros, foram seus redatores: o imigrado português (Diogo Soares da Silva e Bivar. Teve duração efêma,  Foi o Idade de Ouro assim o primeiro jornal baiano e o segundo editado no Brasil, uma vez que o primeiro “ a gazeta d RJ” surgiu nessa cidade em 1808, editado na imprensa ou imprensa Regia.

 As Minas foram a sexta província a ter jornais circulando. A primeira foi a do Rio de Janeiro, que, em 10 de setembro de 1808, ganhou a Gazeta do Rio de Janeiro. Em segundo lugar, ficou a Bahia, onde, em 14 de maio de 1811, começou a circular a Idade d’Ouro do Brazil. Depois, em 21 de março de 1821, em Pernambuco surgiu a Aurora Pernambucana. A quarta a ter jornais foi a do Maranhão, que, em 10 de novembro de 1821, ganhou O Conciliador do Maranhão (ele já circulava manuscrito desde 15 de abril). Em quinto lugar ficou o Pará, onde, em março de 1822 surgiu O Paraense. Nas Minas, só em 13 de outubro de 1823 (um ano e meio depois do Pará) surgiu o primeiro jornal, o Compilador Mineiro.

Até o fim de 1822 (quase um ano antes do primeiro jornal mineiro), já tinham sido criados mais de 50 periódicos no Brasil. Mesmo antes da independência, Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco já possuíam uma imprensa muito dinâmica e com grande influência política. Aliás, os jornais serão o principal instrumento na luta pela independência, como mostra Isabel Lustosa em Insultos impressos.

Antes do surgimento do primeiro jornal mineiro em outubro de 1823, a imprensa já tinha tido uma participação muito importante no Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco. Essas Capitanias (depois províncias) possuíam jornais muito combativos que influenciavam as decisões políticas.

Na Bahia, em 1821, foi criado o Diário Constitucional, que defendia com coragem os interesses brasileiros, e, por isso, sofria todo tipo de pressão. Em 1822, foram criados sete publicações com o objetivo de combater o Constitucional (nesse período ele não era mais diário). E, como este não se intimidou, o jornal foi fechado à força.


VISÃO GERAL DO DESENVOLVIMENTO DO JORNAL NA BAHIA

A história da imprensa na Bahia, na verdade não foi estudada e estruturada profundamente. Tudo o que temos acesso são estudos isolados, e testemunhos de quem viveu na época. Não menos importante, e partindo deste último, iremos destacar as principais publicações e suas características.

IDADE D’OURO DO BRAZIL 

* Durou de 1811 a 1823.
* Era redigida por um bacharel e um padre, todos os dois portugueses.
* Era uma espécie de “órgão do governo representante da metrópole”.
* Era contra a independência e não se conformou com ela, terminando dias antes dela acontecer.
 
DIARIO CONSTITUCIONAL
 
* Fundado em 1821, teve seu fim em 1822 com ainda dois meses de suspensão.
* Seu lema, eram dois versos de Camões:
A verdade que eu conto nua e pura
Vence toda a grandeza da escriptura
Defendia a nova nacionalidade.
Foi substituído pelo O Constitucional, que publicou 58 números e manteve sua linha contra os lusitanos.

 
DIARIO DA BAHIA
 
* Fundado em fevereiro de 1833
* Era propriedade do jornalista Geraldo Rocha. Depois foi passado para outros donos.
* Depois de 3 anos foi extinto por prejuízos financeiros.
* Pertenceu à sua redação Francisco Gonçalves Martins, que depois seria o visconde de São Lourenço.
* Em 1837 se tornou o Novo Diário da Bahia, que trazia as idéias libertárias de Sabino Vieira.
* Teve uma significativa participação na vida pública da Bahia, pelas contribuições de grandes nomes da política e cultura, mas também por suas redações serem sempre decisivas em todos os movimentos que interessavam a vida do baiano.
* Foi um dos mais importantes jornais e atuantes da história. Tanto no Império quanto na república.
* Vive até hoje.
 
O GUAYCURÚ
 
* Fundado em 1843.
* Primeiro jornal republicano, tinha a direção de Domingos Guedes Cabral.
* Responsável pela maior propaganda dos princípios republicanos.
 
A MARMOTA
 
* Propriedade de Próspero Diniz
* Circulou entre os anos de 1845 a 1850
* Refletia o verso original de seu redator:
Sou pequenina
Porem sou forte
Digo a verdade
Não temo a morte
 
O SÉCULO
 
* Fundado em 1848
* Primeira publicação dos liberais.
* Escreveu e também fez política o pai de Ruy Barbosa, o doutor João José Barbosa de Oliveira
 
CORREIO DA BAHIA
 
* Teve sete anos de duração
* Dirigido por um tempo período por Aristides Milton e Artur Rios.
* Deu origem ao Jornal da Bahia.
 
JORNAL DA BAHIA
 
* Fundado em 1856, circulou até 1878.
* Ficou em seu lugar A Gazeta da Bahia em 1887.
* A Gazeta da Bahia durou até 1890.
* Passou a chamar-se mais tarde Estado da Bahia e ficou até 1897.
 
JORNAL DA TARDE
 
* Surgiu em 1858 fundado e dirigido por Agrário de Menezes e Antonio Álvaro da Silva.
 
GAZETA DA TARDE
 
* Lutava pela causa dos escravos, passou sérias dificuldades por causa disso, mas nunca cedeu ás ameaças e aos subornos.
 
A REPUBLICA FEDERAL
 
* Publicação semanal do Clube Republicano Federal e mais tarde do Partido Republicano
* Só quem lia era seus membros
* Trabalhou nele Cosme Moreira
 
O MONITOR
 
* Teve rápida existência.
* Alguns dos membros que trabalhavam no Diário da Bahia, foram para O Monitor.
* Consagrou Castro Alves como o maior poeta da Bahia.
 
O DIARIO DE NOTÍCIAS
 
* Fundado em 15 de março de 1875.
* Por M. S. Lopes Cardoso .
* Criador da imprensa popular no Brasil.
* Era alheio a política.
* Seu fundador queria tomar como exemplo o Diário de Notícias de Lisboa
 
JORNAL DE NOTÍCIAS
 
* Fundado em 1879
* Tinha muita moderação ao escrever sobre problemas políticos e assuntos de interesse públicos.
* Apresentou durante um tempo edições de 16 páginas, as maiores para a época.
* Prometia imparcialidade na luta entre os partidos políticos.
 
 
A TARDE
 
* Fundado em 1912 pelo jornalista Ernesto Simões Filho.
* É uma das mais importantes publicações do país.

Os jornais que ainda temos na atualidade acompanham a evolução tecnológica procurando sempre inovar para conseguir mais leitores e utilizando também meios como a internet para publicação de suas notícias. 

JORNAIS DA BAHIA - A Imprensa Exige sua História

O trecho a seguir foi retirado do Prefácio de Apontamentos para a história da imprensa na Bahia, de Luís Guilherme Pontes Tavares (org.), 157 pp., co-edição Academia de Letras da Bahia e Assembléia Legislativa do Estado da Bahia, Salvador, 2005; intertítulos da Redação do OI.

Luís Guilherme tem razão: urge escrever a história da imprensa baiana. 
Por que urge? Em primeiro lugar, porque alguns dos atores ainda estão vivos, podem depor, contar as transformações que testemunharam, sua própria experiência, ainda que restrita, esta, às últimas décadas. 
Urge, também, porque as fontes de pesquisa, cujo exame poderia levar ao exato conhecimento dos fatos, essas fontes estão secando ou, mesmo, desaparecendo, a exemplo do que acontece com as coleções de jornais antigos, existentes em alguns poucos arquivos, as quais, por falta de elementares cuidados de conservação, vão ficando sem condições de consulta.
Mas, há uma outra razão para se pretender a reconstituição do passado de nossas gazetas, e, por via desse processo, da trajetória do jornalismo baiano, tão rico de substância. Nesse caso, a urgência tem a ver com o que parece ser o fim de uma época, ou a transição de uma época para outra. 
Serei mais explícito: o surgimento de outros meios de comunicação de massa, notadamente os meios eletrônicos – rádio, televisão, web – está visivelmente decretando a superação do veículo impresso – jornal, boletim, revista – a ponto de motivar a discussão do seu futuro, ou seja, sua sobrevivência.
Haverá jornais futuramente? Poderão, os que mais resistirem, suportar a concorrência com os comunicadores eletrônicos, agora ainda mais ágeis graças ao sistema digital? Os usuários da notícia, quer dizer o grande público, conservar-se-ão fiéis à tradicional folha impressa, ou facilmente optarão pela mensagem eletrônica, captada em aparelhos cada vez mais fáceis de conduzir e operar? E que dizer da tendência de alguns jornais de mudarem de estilo, abandonando a função opinativa e priorizando o lado noticioso, do que decorre se preocuparem com os efeitos visuais, com a diagramação larga e vistosa, utilizada para atrair leitores sensíveis ao apelo do sensacionalismo?
Todas estas perguntas exigem respostas, a bem do esclarecimento sobre o devir da imprensa; esclarecimento que interessa particularmente aos jovens que acorrem aos cursos de jornalismo por acreditarem que a profissão tem futuro.
Pois bem: se é verdade que a imprensa vai abandonando, por força de não importa que motivos, a sua missão de formadora de opinião, então é o caso de voltar os olhos para o passado e lembrar o longo período durante o qual, em nossa província, os jornais tiveram importante atuação na cena pública. Basta lembrar a dilatada fase em que Ruy Barbosa dirigiu o 
Diário da Bahia e na qual estiveram em discussão, sob as bandeiras dos dois partidos que se alternavam no poder, o liberal e o conservador, grandes assuntos nacionais, como o regime eleitoral (afinal definido com a Lei Saraiva), a proposta de regime federativo, a questão religiosa, a Abolição, e, afinal, a República.
Possivelmente o estudo do importante papel desempenhado pela imprensa nas decisões nacionais motivará a reflexão dos mentores dos jornais quanto ao erro de desertarem o dever da opinião em favor das efêmeras promessas do marketing. 
Penso que é cabível, e viável, um trabalho com o objetivo de criar condições para o levantamento da história da imprensa neste Estado.
Um dos primeiros passos seria a recuperação das coleções de jornais antigos, pertencentes ao Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, Biblioteca Pública e Arquivo Público. Começando pela cuidadosa restauração dos exemplares, inúmeros deles extremamente estragados. Seguindo-se (mas podendo ser concomitante com o restauro) a microfilmagem total das coleções, de então em diante proibidas ao manuseio.
Providência decorrente da microfilmagem (ou da gravação em CD) das coleções seria a organização de um banco de dados, a ser utilizado pelos pesquisadores, contendo o índice de todas as publicações assim arquivadas.
A etapa seguinte visaria à localização e reprodução de jornais baianos existentes em arquivos públicos ao longo do País.
É extensa a relação desses jornais na Biblioteca Nacional (Rio de Janeiro), por exemplo.
Devemos à Professora Lizir Arcanjo Alves, conhecida pesquisadora, um levantamento desse material. 
Apenas para efeito de confronto – afora a demonstração da evidente necessidade de ampliação do trabalho de busca além das fronteiras da Bahia –, vale comparar a relação dos "principais jornais baianos da 2ª metade do século XIX existentes nos Arquivos" da Biblioteca Pública, IGHB e Arquivo Público, e a lista dos que se encontram na Biblioteca Nacional, segundo a doutora Lizir. 
A relação dos jornais que se acham em Salvador está no livro da professora Kátia Maria de Carvalho Silva intitulado 
O Diário da Bahia e o século XIX (p. 25), aliás um alentado e útil trabalho, que poderia servir de modelo a contribuições do mesmo caráter. 

por Jorge Calmon em 26/4/2005


UM JORNAL E UMA HISTÓRIA DE PERSEGUIÇÃO

A partir de uma conversa entre João Falcão, na época deputado, e seus colegas Octávio Mangabeira e Nestor Duarte, surgiu o jornal da Bahia, que tinha como objetivo principal, ser um jornal independente e livre do contato de meio partidários e políticos.

O jornal teve a sua primeira publicação em setembro de 1958, com inovação e ousadia, alcançando grande êxito. Em 1962 foi publicada uma edição em inglês, que foi publicada as relações culturais Brasil-África. O jornal não parou por aí, em primeiro de março de 1967 forma aos leitores a primeira impressão off set

Entre 1971 e 1975, vida do Jornal da Bahia foi marcada por uma intensa e desesperada luta para sobreviver, resistindo bravamente aos quatro anos do governo de Antônio Carlos Magalhães. Logo após desse difícil período, exatamente a 16 de março e 1975, o jornal da Bahia conseguiu ampliar a sua penetração, atingindo 200 municípios do interior.

O Jornal da Bahia entrou numa nova fase, começou a circular com 24 páginas, apresentando algumas novidades. Neste mesmo período foi editado um caderno especial dedicando aos quatro anos de resistência do mesmo, àquele governo que tentou por todos os meios silenciar de a voz independente do jornal.

Em 1977, foi realizada outra grande reforma, passaram a circular com 3 cadernos aos domingos com até 100 páginas.

Vale ressaltar que o período de quatro anos exercido pelo, naquela época- prefeito e governador, Antônio Carlos Magalhães, que fez parte de um bloqueio econômico ao Jornal da Bahia, através de pressões exercidas junto a anunciantes para que não programasse o jornal, provocando a perda de 95 por cento dos anunciantes locais e nacionais, que levou ao jornal a reduzir para 12 páginas da edição diária, o que significa que neste período o jornal circulou com metade das páginas e por vez até menos da metade das 24 que eram oferecidas habitualmente aos leitores.

A história deste jornal é de interesse nacional, pois este conseguiu resistir até os últimos momentos.

Há quem diga que o atual Correio da Bahia, que pertence à família Magalhães, seja proveniente dos vestígios do Jornal da Bahia que sofreu pressões e veio a falência.

por Maria Auxiliadora Santos

BIBLIOGRAFIA

- Apontamentos para a História da Imprensa na Bahia | Luís Guilherme Pontes Tavares

- Biblioteca central, sala de pesquisa a jornais.

Livro: O Jornal da Bahia acreditando na verdade - Edições comemorativas do 20º aniversário Jornal da Bahia

Edição: setembro de 78